"Carta a Jackson Pollock"
Eu escrevo sem pensar:
linhas, rimas, frases prontas
surgem como um horizonte, e sem temer
Escrevo o final
antes de pensar no começo;
E deixo como início aquilo que muitos pensam ser o fim.
Mas a vida é assim, como é
E não como queremos que seja o ser e não ser.
Afinal, é essa a vida que muitos querem ter.
Eu nunca pensei como escrever;
não me dou bem com isso.
Provavelmente por não saber o que escrever,
Como escrever
O porquê do escrever...
Mesmo assim escrevo
Sem esperar muito barulho:
Escrevo pelo silêncio.
Não sou movimentado pela razão
Não sou movimentado pela simples vontade
de seguir certas regras
E esperar que elas me controlem
Criem uma prisão dentro de meu próprio poema.
Escrevo pela liberdade que a
Palavra
possui.
Palavra.
Palavra que ergue uma visão simbólica de mim mesmo.
Mesmo sendo uma palavra qualquer,
ela é muito mais para mim.
E mesmo assim sempre pretendo continuar a escrever:
Não pra mim,
Não para obter o final de algo que não possuo,
Não para alguém
Pelo simples escrever.